sábado, 24 de abril de 2010

DE ESTAÇÃO DE PARTIDA

FUGA

O que me fogem
Não são meus pés
eles têm nós, raízes
que me eternizam no chão.

o que me afugentam
não são hordas de bárbaros
invadindo meus domínios
de intransponíveis solidões.

O que me (trâns ) fuga
é o medo de ser pássaro
quando a beleza do vôo me constrói.

O AVESSO DA RUA

As ruas não são tristes.
As ruas não são alegres.
As ruas são trágicas
e cômicas.

Às vezes fazem rir as cenas
do gordo que caiu
na poça d’água,
ontem morreu um bêbado de ataque de riso
hoje acharam uma criança morta na rua
de fome.

As ruas não são coloridas,
mas em preto e branco
como a vida
e o avesso da rosa
que não sabemos.
Os barcos

Tantos e tontos os barcos.
do horizonte
além da quina do verde
parecem algodões
soltos no ar.

Partem de rumo exato
de certa chegada
a um porto
sem pressa.

Vão lentos
soprados
pura paina
espuma sobre o mar.

Se perdem no longe.

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